Fofoca: Vilã ou Aliada no Ambiente de Trabalho?

A fofoca é algo profundamente humano desde que o mundo é mundo ou, pelo menos, desde quando o homo sapiens começou a dominar o planeta. De acordo com Yuval Harari, autor de “Sapiens: Uma Breve História da Humanidade”, a fofoca teve um papel fundamental na evolução da espécie humana. Como seres hiper sociais que vivem em grupos, era vital para os humanos primitivos saberem quem estava em conflito, quem mantinha relacionamentos e quem era digno de confiança. Desde então, a fofoca rola solta. No nosso artigo do mês, vamos caminhar sobre as linhas tênues da fofoca e descobrir como usar ela a nosso favor no ambiente de trabalho. 

Aristóteles via as fofocas triviais como uma forma de entretenimento agradável. No entanto, ele advertia sobre o perigo do vício em se intrometer na vida dos outros e os riscos associados às fofocas falsas. Embora fofocar seja algo comum, ela envolve mais aspectos negativos do que positivos. Porém, se o nosso interesse pelo outro fosse zero, teríamos uma sociedade ainda mais individualista, egoísta e fragmentada. Logo, contar algo para os outros não deixa de ser um ato de comunicação que engaja pessoas por meio de um interesse comum.  

Um estudo de 2019 na Social Psychological and Personality Science mostra que as pessoas passam cerca de 52 minutos por dia fofocando e que as fofocas podem ser classificadas em três tipos: 

1. Fofoca Positiva: Histórias edificantes que constroem confiança e fortalecem laços sociais. 
2. Fofoca Neutra: Compartilhamento de informações sem julgamento positivo ou negativo. 
3. Fofoca Negativa: Boatos e críticas que prejudicam reputações e relacionamentos.

O estudo também revelou que a maioria das pessoas participa de fofocas neutras. Porém, no ambiente de trabalho elas também tendem a ser vistas como desfavoráveis. Então, como reverter a má fama da fofoca em algo positivo? Seguem três dicas: 

1. Ofereça uma nova perspectiva sobre algo ou alguém: comunicar suas opiniões de maneira eficaz sobre a organização ou salientar as qualidades positivas de uma pessoa pode melhorar a impressão geral. É interessante notar que, muitas vezes, a troca de informações pessoais pode influenciar as percepções e formar opiniões coletivas. 
2. Aprenda com os erros alheios: se algo aconteceu e você ficou sabendo por meio de rumores, aproveite a situação para tirar uma lição ao invés de perpetuar a fofoca. Isso garantirá um aprendizado mais eficiente e construtivo para você. 
3. Compartilhe seu conhecimento: demonstrar um entendimento profundo sobre um tema pode levar você a ser escolhido para liderar o próximo projeto. Por outro lado, lançar fofoca como conversa fiada e sem fundamento é um desperdício de tempo no local de trabalho.

Além dos pontos citados acima, ao se sentir tentado a falar de algo ou alguém, utilize a técnica dos três filtros! Ela que muitas vezes é atribuída ao filósofo Sócrates, sugere que, antes de ceder à tentação de fofocar, devemos nos perguntar: o que vamos dizer é verdade? É algo bom para alguém? É útil de alguma forma? Embora não haja evidências de que Sócrates realmente tenha formulado este conceito, a ideia é valiosa e merece ser compartilhada. Afinal, se a fofoca ajudou na evolução do Homo sapiens e nós conseguimos superar a vida nas cavernas deixando conceitos primitivos para trás, que tal continuarmos a evoluir? E lembre-se sempre: compartilhar informações que denigrem alguém, é um desserviço e uma grande perda de tempo.